Como havia anunciado anteriormente, estive presente no dia 24/11/09, a convite de Néventon Vargas, a uma reunião da ASSEPE (Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa) para falar acerca de minha pesquisa sobre a obra de Allan Kardec (1804-1869). De fato, já havia estado presente a outra reunião, no sábado (21/11/09), também a convite de Néventon, para um primeiro contato e aproveitando o fato de eu e João já estarmos em João Pessoa naquele final de semana.
Bem, vamos às impressões: o grupo é pequeno – em comparação às casas espíritas que tenho visitado ao longo da pesquisa – mas coeso. O que não significa que haja unanimidade em todas as questões. E, penso, este é o grande diferencial. Seus membros são vistos como indivíduos, e as idéias são debatidas amplamente, sem restrições. Criaram ali um espaço democrático em torno do estudo e da pesquisa espíritas como até então eu não havia conhecido.
Fui muito bem acolhido por todos, sem excessão. E logo criou-se um clima de amizade e cordialidade. Minha condição de não-espírita-leitor-de-Allan-Kardec foi amplamente valorizada. E, acredito que a veemência com que defendo minha interpretação da obra deste que é o criador do espiritismo, fez surgir a piada de que sou um “espírita enrustido” ou “desavisado”.
Nossa discussão, na noite de quarta, girou em torno do processo de formação identitária do espiritismo – fenômenos, doutrina e movimento – a partir da análise das interações deste com três instâncias de legitimação social: a ciência, a filosofia e a religião. Tudo isso, claro, no âmbito da obra kardeciana.
Foi um encontro muito enriquecedor. Fiquei imensamente satisfeito com as questões e controvérsias que foram levantadas. E, tomando como referência as manifestações dos membros desta Associação, a recíproca foi verdadeira.
Além da experiência de poder oferecer uma amostra de resultados parciais de minha pesquisa a um grupo de espíritas, de ver meus postulados questionados com tanta propriedade por pessoas que além disto, são também pesquisadores e intelectuais que defendem, dentre outras coisas o livre pensamento e o caráter laico do espiritismo; há ainda a experiência humana de adquirir num curto espaço de tempo, novos amigos e amigas.
Enfim, é isso aí: a vida é feita de encontros (e reencontros).
Grande abraço a todos e todas!
P.S.: A quem se interessar, o site da ASSEPE é: