Diz-se que Heráclito assim teria respondido aos estrangeiros vindos na intenção de observá-lo. Ao chegarem, viram-no aquecendo-se junto ao fogo. Ali permaneceram, de pé, (impressionados sobretudo porque) ele os encorajou a entrar, pronunciando as seguintes palavras: 'Mesmo aqui, os deuses também estão presentes'. (Aristóteles. De part. anim. , A5 645a 17ff).

quarta-feira, outubro 28, 2009

Divulgação

 

 

Em Campina Grande, o evento está em sua 3ª edição, e pela segunda vez acontecerá no Auditório da Unidade Acadêmica de Arte e Mídia na Universidade Federal de Campina Grande. Novamente, contará com uma mostra de animações produzidas pelos graduandos do curso de Arte e Mídia. Uma novidade será a criação de um Grupo de Pesquisa e Desenvolvimento em Animação.

Horário: 19h30m

Coordenação Local: João de Lima Neto

Apoio: Unidade Acadêmica de Arte e Mídia – UAAMI

quinta-feira, outubro 22, 2009

Onde estão nossos heróis?

Alunos da 4ª série brincam de tráfico em escola pública gaúcha

Professora flagrou aluno que embalava pó de giz, simulando cocaína.
Na brincadeira, grupos teriam de conquistar bocas de fumo.

Do G1, em São Paulo, com informações do ClicRBS*

Crianças de uma escola pública de Sapucaia do Sul (RS) substituíram o esconde-esconde ou pega-pega por outra brincadeira que mostra como o tráfico influencia o cotidiano infantil na Região Metropolitana. Elas começaram a brincar de traficante.
Segundo testemunhas, eles quebraram o giz da lousa, moeram até que virasse pó e embalaram em plásticos. Na brincadeira, grupos teriam de angariar mais usuários e conquistar bocas de fumo. O caso ocorreu em sala de aula e envolveu crianças da quarta série do ensino fundamental, entre nove e dez anos. O nome da instituição será mantido em sigilo para preservar os alunos, em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente.


"Isso ocorreu, mas a gente conversou com eles e eles pararam", assegurou a diretora do colégio, sem dar detalhes.


Segundo uma professora, a descoberta aconteceu por acaso. Ela conta que uma colega perguntou a um aluno por que ele estava quebrando giz. Foi quando a criança mostrou os sacos plásticos com pó.


Para o doutor em Educação Euclides Redin, professor de políticas de educação infantil da Unisinos, o ideal é que a brincadeira sirva de alerta para tentar mudar a ligação das crianças com o mundo das drogas.


"Casos como esse devem chamar a atenção da comunidade para mostrar que a criança está vivendo em locais onde o tráfico tem força grande. Se a gente tirar essa realidade do cotidiano delas, certamente vão brincar de outras coisas", afirmou.


Subcomandante da Brigada Militar de Sapucaia do Sul, o capitão Célio Vargas de Oliveira concorda com o especialista. Ele soube da brincadeira por uma informação anônima e pretende combinar palestras nas escolas.


"A brincadeira não é um crime, e sim um reflexo do que essas crianças convivem no dia a dia, em suas comunidades e, às vezes, até dentro da própria casa. Em Sapucaia, perto de escolas sempre tem uma invasão, que são os locais onde mora a maioria dos traficantes. Se o ponto não é na frente do colégio, fica a três, quatro quadras", afirmou o oficial.

Alerta

A brincadeira alarmou a Secretaria Municipal de Educação. O secretário Adilpio Zandonai reunirá as 26 escolas de Sapucaia do Sul para tratar sobre o avanço das drogas entre os adolescentes.
"Pode ter sido em tom de brincadeira, mas temos de coibir e acabar com isso", disse o secretário.
(*Com informações do jornal Zero Hora)

 

Matéria disponível em:

http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1350686-5604,00-ALUNOS+DA+SERIE+BRINCAM+DE+TRAFICO+EM+ESCOLA+PUBLICA+GAUCHA.html

quarta-feira, outubro 21, 2009

Circuito Musical em São João del-Rei

 

cmer_logo

O Projeto “Circuito Musical Estrada Real” surgiu em 2006 na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais, coordenado por Ângela Nogueira e Maurício Veloso, com intuito de preservar e divulgar a música erudita e popular na Estrada Real. Para tanto, se estabeleceu como uma rede de apoio e fortalecimento do potencial cultural e artístico, na área da produção e projeção musical e turística local.

O projeto será organizado em cinco núcleos regionais, abrangendo os municípios circunvizinhos, constituídos por músicos, suas organizações, entidades públicas e privadas que atuam junto à área da cultura/música. Atualmente, há apenas um núcleo estruturado em São João del-Rei. A rede articulada entre os músicos e municípios é interativa e se aproveita de conexões já existentes, nas quais a música e a comunicação são centrais para a mobilização e divulgação da própria rede.

A rede em questão vem sendo formada a partir da coleta de dados dos músicos e bandas dos municípios da região. Atualmente, 35 municípios participam do projeto. Estes são: Andrelândia, Antônio Carlos, Barbacena, Barroso, Bom Sucesso, Carandaí, Carrancas, Conceição da Barra de Minas, Coronel Xavier Chaves, Cruzília, Desterro de Entre Rios de Minas, Dores dos Campos, Entre Rios de Minas, Ibertioga, Ibituruna, Jaceaba, Lagoa Dourada, Luminárias, Madre de Deus de Minas, Mindurí, Nazareno, Oliveira, Passa Tempo, Piedade do Rio Grande, Prados, Resende Costa, Ritápolis, Santa Cruz de Minas, Santa Rita de Ibitipoca, Santo Antônio do Amparo, São Brás do Suaçuí, São João del-Rei, São Tiago, São Vicente de Minas e Tiradentes.

Para quem busca mais informações, o projeto tem um portal virtual (www.musica.ufmg.br/circuitomusical/) e um e-mail institucional (circuitomusical@musica.ufmg.br). Além disso, há um boletim eletrônico que é enviado para os músicos que já foram cadastrados no banco de dados. O boletim já está na sua quarta edição.

O Programa Circuito Musical Estrada Real é uma proposta que se soma à iniciativa do estado de Minas Gerais na promoção de um dos principais roteiros turísticos do Brasil, fora da área litorânea. Ele conta com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura, UFSJ (Universidade Federal de São João del-Rei), Prefeituras locais, Conservatório Estadual de Música Padre Maria Xavier e Núcleos de Interiorização de Cultura dos municípios citados.

Em 24 de outubro do corrente ano, às 10h no Largo das Mercês em São João del-Rei, será realizado um grande encontro das bandas regionais. Este evento será a abertura da semana de sopros do Conservatório Estadual de Música Padre Maria Xavier. Inicialmente, as 13 bandas se reunirão e tocarão algumas músicas juntos. Depois, elas sairão pelas ruas da cidade, tocando repertório próprio, junto ao público que as acompanhará. Estarão presentes as bandas das cidades de Coronel Xavier Chaves, São Tiago, Cruzília, Lagoa Dourada, São João del-Rei, Ibituruna, Resende Costa, Carrancas, Prados, Andrelândia, Dores de Campos e Madre de Deus de Minas. O evento é gratuito e espera grande público.

(Texto enviado por Rosângela Oliveira - Diretora de Promoções ACI del-Rei / Assessoria de Comunicação Autoria Design e Eventos)

sexta-feira, outubro 16, 2009

As “Minhas Gerais”

 

Igreja do Rosário SJdR by Savinho (Vista da Igreja do Rosário em São João del-Rei/MG. Foto de Sávio Silva)

Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião da UFJF abre inscrições para Mestrado e Doutorado

 

Seleção Doutorado e Mestrado PPCIR-UFJF

Data: 15 de outubro de 2009

Já foram publicados os editais para os processos seletivos para as turmas de 2010 dos cursos de Doutorado e de Mestrado em Ciência da Religião. As inscrições podem ser feitas até o dia 13 de novembro. As provas serão aplicadas de 07 a 09 de dezembro.

 

Maiores informaçoes pelo site:

 http://www.ufjf.br/ppcir/2009/10/15/editais-doutorado-e-mestrado/

sexta-feira, outubro 09, 2009

Nova produção do cinema paraibano

 

Entrevista com os realizadores do curta "Borra de Cafe" ao programa “Diversidade” (TV Itararé/Cultura).

quinta-feira, outubro 08, 2009

Comentando o texto de Greschat

 

Depois de publicar o texto de Hans-Jürgen GRESCHAT penso ser importante fazer alguns comentários ao mesmo, a fim de que não fique a impressão de que eu concorde com ele em sua integridade. Obviamente concordo com a distinção primária que GRESCHAT faz entre os teólogos e os cientistas da religião, e que é a raiz de todo o trecho reproduzido aqui. “Os teólogos são especialistas religiosos. Os cientistas da religião são especialistas em religião”. Esta distinção é também o centro de meu argumento no texto “Então, Augusto, deus existe?”, publicado anteriormente.

Há, sobretudo, um ponto que gostaria de comentar e que diz respeito à afirmação: “Enquanto os teólogos investigam a religião à qual pertencem, os cientistas da religião geralmente se ocupam de outra que não a sua própria”. Lida apressadamente esta frase pode nos fazer acreditar que GRESCHAT está defendendo que somente alguém religioso poderia se ocupar da Ciência da Religião. Claro que isto não é necessariamente assim, e nem me parece ser esta a visão do autor. De fato acredito e defendo que o melhor é que o cientista da religião não seja religioso. Inclusive para evitar o risco de ver sua atividade de pesquisa confundida com aquela do teólogo.

Evidentemente este não é, em minha opinião, um requisito absoluto. Pessoalmente tenho visto muitas pesquisas de colegas que, pertencendo a determinado credo religioso, mantêm sua integridade como pesquisadores não transformando seu labor em apologia de sua religião – mesmo quando a têm por objeto de estudo - ou crítica teologicamente motivada a qualquer outra religião diferente da sua.

No entanto, concordo com o autor quando este afirma que, para que alguém se diga cientista da religião, será necessário distanciar-se criticamente de seu objeto, sem se comprometer a priori com qualquer posicionamento ideológico, seja ele religioso ou teórico.

quarta-feira, outubro 07, 2009

Dante e Virgílio no Inferno

 

(Um quadro de William Adolphe Bouguereau)

Dante-et-Virgile-au-Enfers-(Dante-and-Virgil-in-Hell)

O que distingue os teólogos dos cientistas da religião?

(Um texto de: Hans-Jürgen Greschat)

Os teólogos são especialistas religiosos. Os cientistas da religião são especialistas em religião. Essa diferença diz respeito a pontos essenciais:

1) Enquanto os teólogos investigam a religião à qual pertencem, os cientistas da religião geralmente se ocupam de outra que não a sua própria. A tarefa do teólogo é proteger e enriquecer sua tradição religiosa. É sua religião que está no centro do seu interesse. A sede de saber teológico diminui à medida que se afasta desse centro. (…).

Os cientistas da religião não prestam um serviço institucional como os teólogos. Não são comandados por nenhum bispo, nem obrigados a dar satisfação a nenhuma instância superior. São autônomos quanto ao seu trabalho. (…) Todavia, os cientistas da religião também têm seus focos temáticos – portanto, quanto mais um assunto deles se afasta, menos acentuado é seu interesse acadêmico. (…)

 

2) Os cientistas da religião optam pela pesquisa de uma determinada religião. Pode ser qualquer uma – potencialmente a escolha é limitada em termos históricos, geográficos ou tipológicos. Há apenas um critério que reduz o espectro dos seus possíveis objetos de estudo: a própria incompetência. Quem não compreende a língua dos adeptos de uma religião, não suporta o clima da região onde ela se encontra ou pensa que a fé em questão não tem valor deveria optar pela pesquisa de um outro objeto. Os teólogos não têm essa liberdade, uma vez que apenas se ocupam de uma religião alheia quando existe a necessidade de comparação com a sua própria. Todavia, quando isso acontece, são obrigados a estudá-la (…).

 

3) Quando os teólogos estudam uma religião alheia, partem da própria fé. Ao investigarem como os outros concebem seu deus, crença ou pecado, tomam a própria religiao como referência. De acordo com seus critérios, avaliam os demais sistemas como “mais próximos” ou “mais distantes” de sua própria religião, ou, até mesmo, enquadram-nos em julgamentos que determinam categorias do tipo “o objeto traz algumas características religiosas” ou “apenas magia”. Todavia, se algo é natural e indubitavelmente visto como semelhante, criam facilmente pontes entre a própria religião e a outra. Procedimentos desse tipo geralmente não possibilitam um encontro com o outro, ou seja, não chegam a um verdadeiro conhecimento de outra fé. Em outras palavras: são estritos demais para aprofundar a relação com o objeto de estudo.

Não é oportuno para os cientistas da religião avaliar outra fé com base na própria. Eles têm a liberdade de pesquisar uma crença alheia sem preconceitos. A questão é apenas saber o quanto dessa liberdade eles suportam. É mais fácil descobrir algo quando se sabe com antecedência o que procurar; por conta disso, há cientistas da religião que têm por costume apropriar-se de critérios já estabelecidos para classificar elementos ou universos como “animismo”, “magia” ou “politeísmo”. Isso significa que não apenas preconceitos religiosos, mas também atitudes intelectuais podem distorcer a compreensão de fenômenos pesquisados no âmbito da Ciência da Religião.

 

4) Os fiéis de uma determinada crença é que vão informar se entendemos adequadamente uma fé alheia. Consultar adeptos de uma religião pesquisada é um teste de segurança que permite diferenciar descrições válidas e não válidas do ponto de vista da história da religião. Os teólogos têm meios próprios para distinguir o que é “verdadeiro” e o que é “falso” na área da religião. Para eles, a própria fé – e não a de outras pessoas – é a norma decisiva, uma vez que apenas ela é considerada verdadeira em oposição às outras, que são avaliadas como falhas.

(GRESCHAT, Hans-Jürgen. O que distingue os teólogos dos cientistas da religião? In: ______. O que é Ciência da Religião? Paulinas: São Paulo, 2005. p. 155-157. Excertos. Tradução: Frank Usarski.)

segunda-feira, outubro 05, 2009

“Então, Augusto, deus existe?”

 

Há alguns dias uma amiga, ao saber que tenho me dedicado ao estudo dos fenômenos religiosos, me perguntou à “queima roupa”: - “Então, Augusto, deus existe?”. Sua pressuposição era que, sendo doutorando em Ciência da Religião, eu deveria constantemente me debruçar sobre esta questão e ter, ao menos provisoriamente, uma resposta “erudita” sobre o tema. Ou, quem sabe, ela só queria começar amigavelmente uma conversa tocando num assunto que todo mundo sabe que me instiga.

 

Bem, o fato é que esta não foi a primeira vez, e possivelmente não será também a última, que me fazem este tipo de questão. Acredito que vários colegas do campo disciplinar da Ciência da Religião passam por experiências semelhantes não muito raramente. As pessoas às vezes pensam que faço algo ligado diretamente à Teologia. Que serei padre, pastor, capelão de alguma coisa… ou, simplesmente, que por estudar o Espiritismo eu seja algo como um “teólogo espírita”, se algo assim fosse mesmo possível.

 

Não é nada disto! Aliás, esta é a mesma confusão que o Ministério da Educação e Cultura tem feito ao propor, através da Consulta Pública dos Referenciais Nacionais dos Cursos de Graduação, que os cursos de graduação que hoje levam a nomenclatura “Ciência da Religião” (e suas variações tais como Ciências da Religião; Ciencias das Religiões e Ciência das Religiões), sejam todos subssumidos sob o nome genérico “Teologia”. O que mostra a incompreensão generalizada sobre esta área acadêmica, ainda incipiente no Brasil, mas com larga tradição na Europa e na América do Norte.  O MEC, sob o pretexto de promover uma “convergência de denominação”, ignora as peculiaridade epistemológicas tanto da Teologia quanto da Ciência da Religião.

 

Bem, a questão que dá título a este post é apenas um exemplo de como a Ciência da Religião dista da Teologia. O cientista da religião não precisa pressupor a existência de deus (ou de deuses), nem a sua não-existência, para executar bem seu trabalho. Ele não precisa nem mesmo ser religioso para tanto. Em minha opinião é até melhor que não o seja, a fim de evitar que seu trabalho, sua pesquisa, se torne apenas um trabalho de apologia de sua crença pessoal. Ao contrário, embora muitas vezes a Teologia já não se debruce mais sobre a questão da existência de deus, ela pressupõe não só uma resposta afirmativa a esta questão, mas a possibilidade de que este deus se comunique e transmita sua vontade ao mundo.

 

De minha parte, no que toca a esta questão,  faço como fiz com aquela amiga, devolvo a pergunta: E aí, pessoal, deus existe?