Diz-se que Heráclito assim teria respondido aos estrangeiros vindos na intenção de observá-lo. Ao chegarem, viram-no aquecendo-se junto ao fogo. Ali permaneceram, de pé, (impressionados sobretudo porque) ele os encorajou a entrar, pronunciando as seguintes palavras: 'Mesmo aqui, os deuses também estão presentes'. (Aristóteles. De part. anim. , A5 645a 17ff).

quinta-feira, outubro 08, 2009

Comentando o texto de Greschat

 

Depois de publicar o texto de Hans-Jürgen GRESCHAT penso ser importante fazer alguns comentários ao mesmo, a fim de que não fique a impressão de que eu concorde com ele em sua integridade. Obviamente concordo com a distinção primária que GRESCHAT faz entre os teólogos e os cientistas da religião, e que é a raiz de todo o trecho reproduzido aqui. “Os teólogos são especialistas religiosos. Os cientistas da religião são especialistas em religião”. Esta distinção é também o centro de meu argumento no texto “Então, Augusto, deus existe?”, publicado anteriormente.

Há, sobretudo, um ponto que gostaria de comentar e que diz respeito à afirmação: “Enquanto os teólogos investigam a religião à qual pertencem, os cientistas da religião geralmente se ocupam de outra que não a sua própria”. Lida apressadamente esta frase pode nos fazer acreditar que GRESCHAT está defendendo que somente alguém religioso poderia se ocupar da Ciência da Religião. Claro que isto não é necessariamente assim, e nem me parece ser esta a visão do autor. De fato acredito e defendo que o melhor é que o cientista da religião não seja religioso. Inclusive para evitar o risco de ver sua atividade de pesquisa confundida com aquela do teólogo.

Evidentemente este não é, em minha opinião, um requisito absoluto. Pessoalmente tenho visto muitas pesquisas de colegas que, pertencendo a determinado credo religioso, mantêm sua integridade como pesquisadores não transformando seu labor em apologia de sua religião – mesmo quando a têm por objeto de estudo - ou crítica teologicamente motivada a qualquer outra religião diferente da sua.

No entanto, concordo com o autor quando este afirma que, para que alguém se diga cientista da religião, será necessário distanciar-se criticamente de seu objeto, sem se comprometer a priori com qualquer posicionamento ideológico, seja ele religioso ou teórico.

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