Diz-se que Heráclito assim teria respondido aos estrangeiros vindos na intenção de observá-lo. Ao chegarem, viram-no aquecendo-se junto ao fogo. Ali permaneceram, de pé, (impressionados sobretudo porque) ele os encorajou a entrar, pronunciando as seguintes palavras: 'Mesmo aqui, os deuses também estão presentes'. (Aristóteles. De part. anim. , A5 645a 17ff).

quarta-feira, março 31, 2010

O Prefácio “quase-esquecido” de “O Céu e o Inferno”. Parte II

Tradução

 

Allan_KardecX 

Prefácio

da Primeira Edição de Le Ciel et l’Enfer.[1]

O título desta obra indica claramente o seu objeto. Aqui reunimos todos os elementos próprios para esclarecer o homem acerca de seu destino. Como em nossos escritos anteriores sobre a doutrina espírita, não se parte aqui de um sistema preconcebido ou de uma concepção pessoal, a qual não gozaria de qualquer autoridade. Tudo foi deduzido a partir da observação e da concordância dos fatos.

O Livro dos Espíritos contém as bases fundamentais do espiritismo; é a pedra angular do edifício. Todos os princípios da doutrina nele se encontram colocados, até aqueles que devem constituir o seu coroamento. Mas, era necessário dar-lhes desenvolvimentos, deduzir-lhes todas as consequências e todas as aplicações, à medida que se desenvolviam por meio do ensino complementar dos Espíritos, e de novas observações. Foi o que fizemos no Livro dos Médiuns e no Evangelho segundo o espiritismo a partir de pontos de vista específicos. É o que fazemos nesta obra, segundo outra perspectiva, e é o que faremos sucessivamente naquelas obras que ainda publicaremos e que virão a seu tempo.

Ideias novas não frutificam senão quando a terra está preparada para recebê-las. Ora, entende-se que a terra está preparada não pelo surgimento de algumas inteligências precoces, as quais dariam apenas frutos isolados, mas por certo conjunto na predisposição geral, a fim de que não somente a ideia produza frutos mais abundantes, mas que, encontrando numerosos pontos de apoio, encontre igualmente menos oposição, e seja mais forte para resistir a seus antagonistas. O Evangelho segundo o espiritismo representou um avanço; o Céu e o Inferno é um avanço ainda maior cujo alcance será facilmente compreendido, posto que toca o essencial de certas questões, contudo, não deveria ter aparecido prematuramente.

Considerando-se a época do advento do espiritismo, reconhece-se sem dúvida alguma que este apareceu no tempo oportuno: nem cedo, nem tarde. Muito cedo, ele teria abortado, por que as simpatias não seriam muito numerosas. Teria sucumbido sob os golpes de seus adversários. Muito tarde, teria perdido a ocasião favorável de se produzir; as ideias poderiam ter tomado outro curso, do qual teria sido difícil desviá-las. Era, pois, necessário deixar às velhas ideias o tempo de se gastar e de provar sua insuficiência, antes de apresentar as novas.

As ideias prematuras abortam porque não se está maduro para compreendê-las, e a necessidade de uma mudança de posição não se fez ainda sentir. Hoje é evidente para todo o mundo que um imenso movimento se manifesta na opinião geral; uma reação formidável se opera no sentido progressivo contra o espírito estacionário ou retrógrado da rotina. Os satisfeitos de ontem são os impacientes de amanhã. A humanidade se encontra em trabalho de parto; há no ar qualquer coisa, uma força irresistível que a arrasta adiante; ela é como um jovem saído da adolescência que entrevê novos horizontes sem os definir, e lança fora as fraldas da infância. Deseja-se algo melhor, alimentos mais sólidos para a razão. Contudo, este melhor não está ainda bem definido, procura-se-o. Todo o mundo nisto trabalha, desde o crente até o incrédulo; desde o trabalhador até o sábio. O universo é um vasto canteiro de obras no qual uns demolem, outros reconstroem. Cada um talha uma pedra para o novo edifício do qual apenas o grande Arquiteto possui o plano definitivo, e do qual não se compreenderá a economia senão quando suas formas começarem a se desenhar sobre a face do solo. Tal é o momento que a soberana sabedoria escolheu para o advento do espiritismo.

Os Espíritos que presidem ao grande movimento regenerador agem, pois, com maior sabedoria e previdência do que podem fazê-lo os homens, posto que eles apreendem a marcha geral dos acontecimentos, enquanto nós não contemplamos senão o círculo limitado de nosso horizonte. Os tempos da renovação chegaram, segundo os decretos divinos. Era preciso que em meio às velhas ruínas do velho edifício, o homem, a fim de não se desencorajar, entrevisse os alicerces da nova ordem de coisas; era preciso que o marinheiro pudesse perceber a estrela polar que o deve guiar até o porto.

A sabedoria dos Espíritos que se mostrou no advento do espiritismo, revelado quase instantaneamente por toda a terra, à época mais propícia, não é menos evidente na ordem e na gradação lógicas das revelações complementares sucessivas. Não depende de ninguém constranger sua vontade a este respeito, pois eles não medem seus ensinamentos pelo grau de impaciência dos homens. Não basta que digamos: “Queremos ter tal coisa”, para que ela nos seja dada; e é ainda menos conveniente que digamos a Deus: “Julgamos que chegou o momento para que nos dê tal coisa; nos julgamos avançados o suficiente para recebê-la”; isto seria como lhe dizer: “Sabemos melhor que você o que é conveniente fazer”. Aos impacientes, os Espíritos respondem: “Comecem primeiramente por bem saber, bem compreender, e, sobretudo, por bem praticar aquilo que vocês sabem, a fim de que Deus os julgue dignos de aprender mais; depois, quando chegar o momento, saberemos agir e escolheremos nossos instrumentos”.

A primeira parte desta obra, intitulada Doutrina, contém o exame comparado das diversas crenças sobre o céu e o inferno, os anjos e os demônios, as penas e as recompensas futuras. O dogma das penas eternas aqui é encarado de uma maneira especial, e refutado por meio de argumentos tirados das leis da natureza, e que demonstram, não apenas seu lado ilógico, já assinalado mil vezes, mas sua impossibilidade material. Naturalmente, com as penas eternas, caem todas as consequências que se acreditou delas poder tirar.

A segunda parte contém numerosos exemplos que sustentam a teoria, ou antes, que serviram para estabelecer a teoria. Eles haurem sua autoridade da diversidade de tempos e lugares nos quais foram obtidos, posto que se emanassem de fonte única, seria possível encará-los como o produto de uma mesma influência. Ademais, sua autoridade advém da concordância com a qual são obtidos todos os dias, onde quer que se ocupe das manifestações espíritas do ponto de vista sério e filosófico. Tais exemplos poderiam ser multiplicados ao infinito, pois não há centro espírita que não possa deles fornecer um notável contingente. Para evitar repetições fastidiosas, fizemos uma escolha dos mais instrutivos. Cada um desses exemplos é um estudo, no qual todas as palavras têm sua importância para todo aquele que as meditar com atenção, pois cada ponto lança uma luz sobre a situação da alma após a morte, e a passagem da vida corporal à vida espiritual até este momento tão obscura e temida. É o guia do viajante antes de entrar em um novo país. A vida do além-túmulo se apresenta sob todos os seus aspectos, como um vasto panorama; cada um aí encontrará novos motivos de esperança e consolação, bem como novas bases para reafirmar sua fé no porvir e na justiça de Deus.

Nesses exemplos, tomados em sua maioria de fatos contemporâneos, ocultamos os nomes próprios todas as vezes que julgamos útil, por motivos de conveniência fáceis de compreender. Aqueles a quem tais exemplos possam interessar os reconhecerão facilmente; para o público, nomes mais ou menos conhecidos, e algumas vezes muito obscuros, não acrescentariam nada às instruções que deles se pode retirar.

As mesmas razões que nos fizeram calar os nomes dos médiuns no Evangelho segundo o espiritismo levaram a nos abster de nomeá-los na presente obra, escrita mais para o futuro que para o presente. Tais médiuns não estão nada interessados em atribuir-se o mérito por uma coisa à qual seu espírito não teve qualquer participação. A mediunidade, aliás, não se encontra submetida a tal ou tal indivíduo; é uma faculdade fugidia, subordinada à vontade dos Espíritos que querem se comunicar, a qual se possui hoje e que pode desaparecer amanhã, e que não é aplicável a todos os Espíritos sem distinção, e, por isso mesmo, não constitui um mérito pessoal como o seria um talento adquirido mediante o trabalho e os esforços da inteligência. Os médiuns sinceros, aqueles que compreendem a gravidade de sua missão, consideram-se como instrumentos que a vontade de Deus pode quebrar quando quiser, caso não ajam segundo seus interesses; eles ficam felizes com uma faculdade que lhes permite se tornarem úteis, mas não extraem daí qualquer vaidade. De resto, nos conformamos sobre este ponto aos conselhos de nossos guias espirituais.

A providência quis que a nova revelação não fosse privilégio de ninguém, mas que tivesse seus órgãos por toda a terra, em todas as famílias, em casa dos grandes como dos pequenos, segundo esta palavra da qual os médiuns de nossos dias são a realização: “Nos últimos tempos, diz o Senhor, derramarei meu Espírito sobre toda carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos sonharão. Nesses dias derramarei meu Espírito sobre meus servos e minhas servas, e eles profetizarão” (Atos, cap. II, v. 17,18).

Mas está dito também: “Haverá falsos Cristos e falsos profetas” (Ver o Evangelho segundo o espiritismo, cap. XXI).

Ora, esses últimos tempos chegaram; não é o fim do mundo material, como se tem acreditado, mas o fim do mundo moral, ou seja, a era da regeneração.

Allan Kardec.

 


[1] Tradução: Augusto Araujo. Revisão: Vital Cruvinel.

terça-feira, março 30, 2010

O Prefácio “quase-esquecido” de “O Céu e o Inferno”. Parte I

 

Introdução 

 

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Em 1865, quando Allan Kardec (1804-1869) publicou o livro Le Ciel et l’Enfer ou la Justice Divine selon le Spiritisme (“O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo”), o fez preceder de um Préface no qual, dentre outras coisas, propõe uma revisão de algumas de suas obras e apresenta o novo livro como continuidade de seu labor de desenvolvimento da doutrina espírita.[1]

Curiosamente, no entanto, este Préface parece ter sido esquecido pelos tradutores brasileiros da obra kardeciana. Esquecimento que só não foi total, visto que o público brasileiro dispunha de duas traduções parciais deste texto. Ambas, presentes nas traduções de Salvador Gentile e de Evandro Noleto Bezerra à Revue Spirite. No número de setembro de 1865, Kardec publicou um excerto do Prefácio na seção “Notas Bibliográficas”.[2]

Recentemente (2009), no entanto, foi publicada pela Federação Espírita Brasileira (FEB), uma nova tradução de O Céu e o Inferno (feita por Evandro Noleto Bezerra), a qual reintegra o Prefácio a seu lugar de direito. Em nota o tradutor explica que:

Este “Prefácio” não fazia parte da 4ª edição francesa de O Céu e o Inferno – edição definitiva – que serviu de base para esta tradução. Apareceu, na 1ª edição, publicada em agosto de 1865. Ao inseri-lo aqui, tivemos em vista resgatar para as novas gerações estes escritos quase desconhecidos do Codificador do Espiritismo e oferecê-los aos estudiosos da Doutrina Espírita.[3]

Desconheço se Kardec teria retirado o Préface apenas nesta última edição por ele revista (4ª edição de 1869), ou se já o fizera nas edições anteriores. A nota acima não oferece qualquer indicação a respeito. Igualmente desconheço os motivos pelos quais Kardec teria feito isso. No entanto, parece-me claro, os tradutores brasileiros se “esqueceram” do Préface de 1865 por que basearam suas traduções na edição de 1869.

Outro fato curioso envolvendo a obra em questão é que esta 4ª edição, assumida como definitiva, só veio a lume a 1º de Julho de 1869. Três meses, portanto, após a morte de Allan Kardec. Florentino Barrera, em seu livro Resumo Analítico das Obras de Allan Kardec [4], afirma que esta edição estabelece o texto definitivo da obra uma vez que teria sido revista pelo próprio Kardec. Informação corroborada pela Revue Spirite (Jul/1869) que a anunciou, seguida da observação:

A parte doutrinária desta nova edição, inteiramente revista e corrigida por Allan Kardec, sofreu importantes modificações. Alguns capítulos foram inteiramente refundidos e consideravelmente aumentados.[5]

Instigado pelo que acreditava fosse uma lacuna histórica, e, portanto, sem conhecimento do trabalho de Evandro Noleto Bezerra, empreendi minha própria tradução do texto. Empreitada assumida com o apoio do amigo Vital Cruvinel (um dos editores do blog Decodificando O Livro dos Espíritos e de quem é a revisão da tradução). Nossa ideia original era a de enviar a tradução para publicação em algum periódico interessado. No entanto, diante da realidade daquela outra iniciativa, desistimos temporariamente da ideia.

Como tradutor, meu empenho foi de evitar tanto o literalismo simplista, que ignora as distâncias linguísticas e temporais entre o texto original e o esforço de tradução; quanto uma abordagem mais livre que pudesse desvirtuar o sentido original que o autor quis impingir a sua obra, ou que pudesse abrir espaço para interpretações dúbias de sua mensagem.

Depois de concluída a tradução e sua revisão, e tão logo tomamos conhecimento do trabalho realizado por Evandro Noleto Bezerra, tivemos o cuidado de cotejar as traduções em busca de possíveis equívocos de compreensão de nossa parte. E, de minha parte, fiquei satisfeito em constatar a proximidade bem como a distância pelas opções linguísticas e estilísticas assumidas. O que poderá ser facilmente percebido pelo leitor num breve exercício comparativo. Visando possibilitar tal comparação, bem como contribuir com o avanço dos estudos da obra kardeciana no Brasil, decidi, com a anuência de Vital Cruvinel, tornar público este modesto empreendimento conjunto.

 


[1] Ao contrário do que aconteceu com as demais publicações de Allan Kardec, a obra O Céu e o Inferno parece não ter obtido imediatamente um grande sucesso de vendas. Se comparado com a opus magna de Kardec – Le Livre des Esprits – a qual apenas entre 1860 (ano da publicação da 2ª e definitiva edição) e 1863 somou 9 edições (10 se contarmos a partir da 1ª edição de 1857); ou mesmo com o sucesso de La Génèse, les miracles et le predictions selon le spiritisme (“A Gênese, os milagres e as predições segundo o espiritismo”), que obteve três edições no mesmo ano de sua publicação (1868), com a diferença de apenas um mês entre elas; o penúltimo dos grandes tratados kardecianos teve desempenho bastante modesto. Segundo Florentino Barrera (2003, p. 71-78), a segunda edição de O Céu e o Inferno só veio a lume em 1868, três anos após seu lançamento, portanto. Ainda segundo Barrera, a 3ª edição data de 1868-1869; e 4ª edição 1869.

[2] KARDEC, Allan. Revista Espírita, Set/1865. Notas Bibliográficas. Rio de Janeiro: FEB, 2006. p. 377-382. (Trad.: Evandro Noleto Bezerra).

[3] BEZERRA, Evandro Noleto. Nota do Tradutor. In: KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Ou a justiça divina segundo o espiritismo. Rio de Janeiro: FEB, 2009. p.11.

[4] BARRERA, Florentino. Resumo Analítico das Obras de Allan Kardec. São Paulo: USE/Madras, 2003. (Trad.: David Caparelli). Há uma discrepância na informação da data da publicação da 4ª edição fornecida por Barrera e o anúncio publicado na Revue Spirite  de Julho de 1869. O pesquisador fala do lançamento ocorrido a 1º de Julho de 1869. A Revue, embora no número de Julho, dá como data do início das vendas da nova edição a 1º de Junho, um mês antes, portanto. Tanto Barrera pode ter se equivocado, quanto pode ter ocorrido um erro gráfico na publicação da Revue. Como não tenho subsídios para uma correta avaliação da questão, deixo-a em aberto, por enquanto.

[5] KARDEC, Allan. Revista Espírita. Jul/1869. À Venda em 1º de Junho de 1869. Rio de Janeiro: FEB, 2005. p. 309-310. (Trad.: Evandro Noleto Bezerra). A rigor o artigo deve ter sido escrito por A. DESLIENS que, após a morte de Allan Kardec, tornou-se o secretário-gerente da Revista Espírita, cargo, na prática, equivalente ao de redator. Contudo, sigo aqui, ao fazer essa referência bibliográfica, o padrão indicado pelos dados fornecidos pela editora na ficha catalográfica do volume correspondente ao número XII da coleção da Revista Espírita.

Convite

 

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segunda-feira, março 29, 2010

6º ENCONTRO DA LIGA DE PESQUISADORES DO ESPIRITISMO

 

6 enlihpe

“O Espiritismo visto pelas áreas de conhecimento atuais”
21 e 22 de agosto de 2010
São Paulo-SP

Sobre o Congresso

Apresentação

O grande êxito alcançado com as edições do Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo* reforçou o propósito de seus integrantes e colaboradores em promover anualmente este evento científico.

O encontro tem se constituído em um espaço privilegiado para apresentação e discussão de conhecimentos na área e tem contado com a participação de pesquisadores de todas as regiões do país, interessados na divulgação e avaliação dos seus estudos científicos.

* Até a edição de 2009, o evento se denominava Encontro da Liga dos Historiadores e Pesquisadores Espíritas. A partir de 2010, o evento se denominará Encontro da Liga de Pesquisadores do Espiritismo, mantendo-se a sigla Enlihpe.


Objetivo

Promover o debate de idéias inovativas sobre a teoria e a prática espírita, além de incentivar a publicação e debate de trabalhos acadêmicos voltados à temática de fronteira com o Espiritismo
Submissão de trabalhos

Áreas temáticas
I) Memória do Espiritismo
II) Filosofia e Pensamento Espírita
III) Educação e Espiritismo
IV) Física e Psicologia dos Fenômenos Espirituais
V) Saúde Mental e Espiritismo
VI) Ações Sociais e Intervenções na Comunidade
VII) Administração do Centro Espírita
VIII) Movimento Espírita Brasileiro e Internacional
IX) Antropologia do Movimento Espírita


Instruções aos autores

Os trabalhos submetidos devem ser inéditos, isto é, que não tenham sido enviados para publicação em outro evento ou periódico e poderão ser redigidos em português ou inglês. A avaliação será feita utilizando-se o sistema Double Blind Review, por membros do Comitê Científico do encontro.

Todos os trabalhos deverão ser enviados, exclusivamente, para o seguinte email: trabalhos6enlihpe@ccdpe.org.br

O período de submissão é do dia 01 de março de 2010 até o dia 30 de maio de 2010. A confirmação do recebimento e aprovação do artigo também será enviada eletronicamente ao email do remetente.

Os trabalhos poderão ser submetidos em forma de artigos ou pôsteres, conforme formatos definidos a seguir:

Artigo científico

•Cada trabalho poderá ter, no máximo, quatro autores.
•Cada autor poderá submeter no máximo três trabalhos para o 6º Enlihpe.
•O artigo deverá ser gravado em 2 arquivos: ARQUIVO 1 – contendo o nome, o título do trabalho e o resumo; ARQUIVO 2 – contendo o título e o texto integral do artigo sem qualquer identificação de autoria.

Ambos os arquivos deverão ser enviados, simultaneamente, ao seguinte email: trabalhos6enlihpe@ccdpe.org.br.


Formato do Trabalho:

Editor de textos: Word for Windows 6.0 ou Posterior
Número de páginas: Mínimo de 8(oito) e máximo de 12(doze)
Configuração das páginas
Margens: superior 3cm; inferior 2 cm; esquerda 3cm; direita 2 cm.
Tamanho do papel: A4 (largura 21 cm; altura 29,7 cm)
Fonte: Times New Roman, tamanho 12
Formato do parágrafo: Recuo especial: primeira linha 1,25 cm
Espaçamento: antes 0 pt; depois 6 pt; entre linhas: simples.
Figuras, tabelas e gráficos: Fonte Times New Roman, tamanho 8 a 12
Orientação geral: Normas da ABNT
Resumo: Mínimo de 1150 caracteres (aproximadamente 10 linhas), máximo de 1750 caracteres (aproximadamente 15 linhas)
Revisão ortográfica a cargo dos autores


Pôster

•Cada trabalho pode ter, no máximo, quatro autores.
•Cada autor poderá submeter no máximo três trabalhos para o 6º Enlihpe.
•Os pôsteres deverão gravar 2 arquivos: ARQUIVO 1 – contendo o nome, o título do trabalho e o resumo; ARQUIVO 2 – contendo o título e o texto integral do pôster sem qualquer identificação de autoria. Ambos os arquivos deverão ser enviados, simultaneamente, ao seguinte email: trabalhos6enlihpe@ccdpe.org.br


Formato do Trabalho:

•Dimensão: 100 x 90cm
•Conteúdo obrigatório (ARQUIVO 2): Título, introdução, objetivos, método, análise de dados, conclusão e referências.
•Modelo disponível em: http://www.ccdpe.org.br


Cessão de direitos autorais

A aprovação de trabalhos está condicionada à cessão de direitos autorais para o Centro de Cultura e Documentação e Pesquisa do Espiritismo – ECM para posterior publicação. Esse documento está disponível em: http://www.ccdpe.org.br

(Fonte: Blog Espiritismo Comentado)

domingo, março 28, 2010

Discurso de Bial tenta remediar problema criado pelo programa

 

Um texto de Mauricio Stycer

Ao montar o elenco do BBB10 com três gays assumidos entre 17 participantes – quase 20% do total – a Globo deu um passo ousado. Lembre-se que estamos falando de uma emissora cuja direção jamais permitiu a exibição de um beijo entre dois homossexuais numa novela, clássica obra de ficção.

Dicesar, Serginho e Angélica entraram na casa dando show, conscientes que não estavam ali por acaso. Formavam um núcleo, que o diretor Boninho fez questão de sublinhar, chamando-os de “coloridos”. Ou seja, eram diferentes dos demais, tinham consciência disso e, para não restar dúvidas, foram claramente carimbados.

O que poderia resultar dessa “inclusão”, para usar uma palavra politicamente correta, num ambiente de guerra? Num jogo em que todos os participantes, em busca da cumplicidade do público, são inimigos uns dos outros e apenas um vence a batalha final? Evidentemente, “a questão homossexual” seria um tema presente – e foi, do primeiro ao 75º dia do BBB10.

Especialmente com a ajuda de Cacau, que encarou o assédio de Angélica de forma gaiata; de Michel, que estabeleceu uma cumplicidade com Serginho; de Dourado, que abertamente entrou em confronto com o trio “colorido”; e do trio Boninho-Bial-Mr. Edição, que realçou o assunto de todas as formas, inúmeras questões ligadas à homossexualidade foram discutidas abertamente, de forma inédita, que eu lembre, no horário nobre da tevê brasileira.

Em público, o diretor Boninho, como de hábito, fingiu ignorar o que acontecia e, tanto em diferentes entrevistas quanto no seu Twitter, bateu insistentemente numa mesma tecla: o BBB é um jogo, não é um programa cultural, não é lugar para ensinar nada, estamos aqui apenas pela audiência e pelo dinheiro.

O problema é que, desta vez, a criatura foi maior que o criador. E uma parcela do público chiou. Surgiu na Internet e ganhou o mundo a palavra “heterofobia” – como se aqueles três homossexuais do programa tivessem a capacidade e o poder de simbolizar a opressão de uma minoria sobre uma maioria.

Para complicar um pouco mais o enredo, as marionetes do genial titereiro do BBB10 fizeram alguns movimentos não previstos. Dourado falou que homens heterossexuais não pegam Aids, trazendo de volta o fantasma da “peste gay”. Disse que perdeu o apetite ao ouvir uma conversa de Serginho sobre baladas gays no almoço. Lamentou que Angélica não fosse homem, pois, então, poderia quebrar os seus dedos. E cobrou de Dicesar que ele agisse como homem, “apesar de ser veado”.

A rivalidade que sempre existe entre torcidas de candidatos do BBB, estabeleceu-se, desta vez, em torno da questão sexual. Em alguns ambientes, como Twitter, blogs e fóruns, o diabo calçou Kichute, enviou ameaças a blogueiros e comentários pesados, como este, registrado sexta-feira neste espaço: “O grande problema desse BBB10 foi juntar gays a seres humanos! Força & Honra Mestre do Universo, Força Mestre Dourado!”

É difícil acreditar que o “boss” possa ter previsto isto. Mas ele insistiu em dizer que não estava nem aí. Há uma semana, fazendo sua conhecida pose de mau, voltou a afirmar, em entrevista à “Folha”: “Não colocamos ninguém no BBB para discutir homo ou heterofobia, minorias... Não escolhemos um personagem representando coisas. O fato de ser ou não homossexual não é para interagir no jogo. Não estou preocupado se o cara é gay ou não. Ele não vai entrar por ser gay, mas pelo que traz para a competição.”

Tamanha falta de seriedade teve um contrapeso neste sábado, no discurso que Pedro Bial preparou para a eliminação de Dicesar. Sem piadas de mau gosto, sem metáforas constrangedoras, sem psicologia de botequim, o apresentador foi direto ao ponto: “O BBB deturpa, deforma o retrato. Depois de tanta exposição, vocês se tornam caricatura”.

Em vez de mencionar os vários preconceitos de Dourado e as respostas sem pé nem cabeça de Dicesar, Bial lembrou uma rara “declaração de amor” de cada um dirigida ao outro no programa. “Aqui fora vocês têm que encontrar um meio de conviver, compartilhar”, disse aos dois, mirando, na verdade, as respectivas torcidas dos candidatos. “Vocês sabem que violência não é a solução”, disse o nosso Gandhi, conclamando os dois a darem as mãos.

Soou piegas? Soou. Pareceu ridículo? Pareceu. Deu vontade de rir? Deu. É assim que vai se educar a população a compreender e respeitar as diferenças? Lógico que não. Mas é impossível não reconhecer que Bial tentou remediar uma situação criada pelo programa. Já é alguma coisa.

(Fonte: Blog do Mauricio Stycer)

_______________________________

E eu, assino embaixo!

Augusto César Dias de Araujo.

sábado, março 27, 2010

Para equilibrar : mais um pouco de beleza…

 

 

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O BBB10 e a “cultura” do feio.

 

Alguém recentemente me disse que não sabe como as pessoas perdem tempo com um programa de TV como o Big Brother Brasil, da Rede Globo de Televisão. E, acrescentou, é triste que um programa assim mobilize tanto as pessoas. Pessoalmente não me causa surpresa que tantos de nós sejamos mobilizados pelos dramas e comédias dos participantes do reality. Eu mesmo, confesso e não me envergonho disso, acompanhei algumas edições e tenho acompanhado a deste ano com grande interesse.

Até hoje, no entanto, nunca havia me pronunciado sobre qualquer participante. Pois, para mim, um programa desse tipo é antes um experimento da natureza humana. Um experimento que vivi na pele como membro de algumas comunidades fechadas ao longo de minha vida, mas que apenas com o advento do BBB tive a possibiliade de observar de fora.

Este ano, contudo, eu resolvi me pronunciar. Decidi fazê-lo para não ficar me sentindo culpado de omissão. Tem-me sido impossível ficar indiferente quando, em rede nacional, pessoas reais se desnudam e mostram seu lado menos apreciável. A edição deste ano (BBB10) tem feito isso de maneira magistral. No cenário que ali se desenhou todos são altamente imperfeitos e não há o embate mocinho versus vilão. Regra geral, e diferentemente das outras edições, o BBB10 representa a consagração definitiva e oficial do feio.

Não falo do feio das caras e corpos, mas das feias atitudes, da feiúra de caráter que manipula, distorce conscientemente, julga e condena o outro sem considerá-lo como espelho de si. Esta foi a edição dos palavrões gritados, dos gestos obscenos, do desacato generalizado à dignidade alheia (inclusive do público).

Falo da feiúra da ignorância propalada aos quatro ventos, que corrobora preconceitos atavicamente arraigados e os consagra em rede nacional. Falo do cinismo que transforma seres humanos em degraus, travestidos de “amigos de infância”. Falo das emoções mal disfarçadas, das declarações irresponsáveis sem pé nem cabeça, e da insistência da emissora em fingir que nada aconteceu. Falo do massacre, da caçada ardilosamente premeditada que encurrala o membro mais fraco do bando para devorá-lo. Num jogo político – como o de nossos piores repesentantes – de conchavos e rompimentos minimamente calculados. Falo, enfim, da consagração da cultura do feio. Onde cultura significa simplesmente “cultivo”. Nesta edição o feio é cultivado como “flor de estufa”, e exala o seu cheiro por todos os cantos.

Por que considero importante acompanhar esse cenário? Por que o BBB10 é apenas uma amostra da ausência de valores em que estamos cotidianamente chafurdados. Por que a crença absurda de que “homem hétero não pega AIDS”; a rude ameaça, feita aos berros, de quebrar os dedos de uma mulher; e a declaração igualmente grosseira “tu é (sic)gay mas seje (sic) homem” , transformaram o autor dessas pérolas em herói de uma torcida que o considera seu “mestre”. É contra isso que me levanto.

Em tempos de PLC 122/06, gritar a plenos plumões seu preconceito encontra, enfim, uma justificativa: franqueza! Marcelo Dourado, para o crescente número de seus “seguidores”, não é homofóbico ou misógino, ele é franco. No entanto, como ele mesmo admite, o BBB é um jogo de palavras. Um jogo no qual os interlocutores não são os confinados, mas o público. E quando o público, ou parte significativa dele, reage favoravelmente – desculpando, justificando – a declarações como essas, fico preocupado.

Preocupa-me não o fato de que Marcelo Dourado fique milionário na próxima terça-feira. Mas que, acontecendo isso, a força simbólica que “retirou do subterrâneo” tantos homofóbicos (inclusive entre famosos e, pasmem, entre os homossexuais), tantos misóginos, tantos outros preconceituosos, armados agora de uma justificativa pública – não somos preconceituosos, somos autênticos – se transforme numa bandeira explicitamente assumida.

Por isso, eu fiz a minha parte: FORA DOURADO! E você?

Novo trailer de “Nosso Lar”, o filme.

 

quinta-feira, março 25, 2010

Por um pouco de beleza…

 

Como diz sua própria descrição: um filme inspirado por números, geometria e pela natureza.

Criação do espanhol Cristobal Vila, “Nature By Numbers” ilustra diversos princípios matemáticos com animação, e tudo aquilo que você achava complicado na aula de matemática, ganha sentido e mostra sua atuação no mundo real.

No site etereaestudios.com, Vila detalha as teorias por trás de cada equação

(Fonte: Smelly Cat)

quarta-feira, março 24, 2010

O Signo de Jonas, o existente *

Esta geração pede um sinal. Nenhum sinal lhes será dado, exceto o signo de Jonas. **

 

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Quem não conhece a história de Jonas, o existente, e da baleia que o levou a um lugar onde não queria estar? Jonas era um homenzinho comum, levava uma vida comum, numa cidadezinha comum… Um dia, o deus a que Jonas adorava descobriu sua mediocridade e o nomeou para importante missão.

Levanta-te, vai até Nínive e dá meu recado!

Não sei se a ordem foi dada para salvar Jonas de si mesmo, ou se Iahweh queria apenas mexer com o pobre coitado, ou ainda, apenas sacaneá-lo. Mas a ordem veio, retumbante, como são retumbantes as falas de um deus. Não era o raio de Zeus, era a voz que remexe com as entranhas de Jonas, o existente. Algo mais como um terremoto profundo, uma imposição da qual não se pode fugir.

Mas, Jonas, o existente, quis fugir. E fugiu deveras. Nem esperou o dia seguinte. Recebida a ordem, levantou-se – quem sabe para dar a impressão de obediência corajosa e enganar seu deus – e tomou o primeiro navio para Társis ***. E a história diz que pagou a passagem. Jonas era um bom homem.

No entanto, o deus de Jonas, o existente, não se deixou enganar facilmente. E, cruel como todo bom deus deve ser, enviou uma forte tempestade sobre o barco, ameaçando a vida de todos quantos ali se encontravam, e que obedeciam seus deuses. Somente Jonas, o existente, fora covarde e desobediente.

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E jogaram Jonas, o existente, ao mar para aplacar a fúria do deus desobedecido. Foi ideia do próprio fujão. Apenas mais um ato no desepero da fuga! Pensou Jonas: “ - Se eu morro, Iahweh, meu deus, não poderá fazer-me garoto de recados.”

Nem é preciso dizer que o deus de Jonas, o existente, era mais esperto que ele. Se podia fazer o mar ficar revolto, podia ainda, igual ao Aquaman, controlar os viventes que nadam no mar. (Acho que teria sido mais honroso comparar o deus de Jonas a Poseidon. Afinal de contas, um deus só se compara a outro deus, e não a um super-herói. Mas, agora já foi.).

E veio a baleia. O grande paradoxo no ventre do qual Jonas, o existente, viajou, durante três dias e três noites, para o lugar onde deveria estar e do qual esteve fugindo: Nínive.

Ali Jonas, o existente, tornou-se Jonas, o profeta (uma boa palavra para “garoto de recados de deuses irados”). E nosso amigo era tão bom fazendo isso que as pessoas, reconhecendo seu talento, acreditaram nele e no recado que trazia, e se tornaram melhores. E o deus de Jonas não se vingou dos ninivitas

Só que Jonas, o profeta, ainda era um existente. E, lento para entender, reclamou de seu deus:

Não foi por isso que eu fugi? Você me fez vir até aqui, dar o seu recado, e na hora do show pirotécnico, resolve desistir! Melhor eu morrer, sou um fracasso como profeta!

E o bom deus de Jonas, ex-profeta, ainda um existente, que tinha o entendimento apoucado, deu-lhe uma lição em forma de analogia. Embora, provavelmente, Jonas nem soubesse o que fosse uma analogia. Afinal, era apenas um homenzinho comum, que levava uma vida comum, numa cidadezinha comum, até que seu deus olhasse para sua mediocridade e a eternizasse numa fábula bíblica. Mas, ainda assim, o bom deus de Jonas, cruel como todo bom deus deve ser, deu-lhe a seguinte lição.

No local escolhido por Jonas para assistir a destruição de Nínive - o local onde, segundo a história,  Jonas construiu um camarote e de onde se lamentou pelo cancelamento da vingança -, o deus de Jonas fez nascer uma mamoneira. A mamoneira cresceu e fez sombra sobre a cabeça de Jonas, o frustrado, e ele ficou feliz.

No dia seguinte, ao amanhecer, o bom deus de Jonas enviou um verme que picou a mamoneira e ela secou. Enviou um vento quente e um sol causticante sobre Jonas que, pra variar, pediu a morte. E Iahweh com sua voz retumbante – como apenas a voz de um deus pode ser retumbante – falou:

Tá reclamando da morte da mamoneira? Foi você quem a plantou e a fez crescer? Tem pena da mamoneira que nasceu num dia e morreu no outro? E eu? Não terei pena dos ninivitas que não distinguem entre a direita e a esquerda, tal como animais?!

A história termina assim, sem nos contar se Jonas entendeu ou não a lição. Mas, eu duvido muito.

Eu mesmo não a entendo plenamente. Contudo, creio que, em algum grau,  eu e você sejamos Jonas. Afinal, também somos existentes. Também viajamos no ventre de um paradoxo. Também fugimos daquilo que melhor nos configura.

Francamente, eu não sei se há um deus como aquele de quem Jonas recebeu seu mandato. Mas, sei que há em mim um força que me lança adiante rumo ao horizonte. E mesmo quando parece melhor fugir – ou morrer – porque a tempestade parece maior do que minha capacidade de suportá-la, o horizonte me chama, interpela.

Aí, então, sou mais-além: sou meu próprio destino. Não há nada no horizonte: nem modelo, nem ideal que eu possa vislumbrar, apenas um possível de mim.

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* Texto inspirado na obra do monge cisterciense franco-americano Thomas Merton, “The Sign of Jonas”.

** Adaptação livre de Mt 12, 38-39; 16, 1-4; Lc 11, 29-32; Mc 8, 11-12.

*** Társis representava, aos olhos dos hebreus, o fim do mundo. Algo como para nós a “Conchichina”.

quinta-feira, março 18, 2010

'Criação' mostra conflito pessoal de Charles Darwin com a religião.

Longa-metragem estréia no Brasil nesta sexta-feira (19/03/2010).
Obra conta como morte da filha alterou a vida do cientista.

Iberê Thenório do G1, em São Paulo.

Um filme que estreia nesta sexta-feira (19) no Brasil promete renovar a imagem do velhinho de barbas brancas pela qual a maior parte das pessoas conhece o cientista inglês Charles Darwin.
“Criação”, dirigido por Jon Amiel, conta como a morte de uma filha e a religiosidade da esposa de Darwin influenciaram a concepção da obra “A origem das espécies” – livro que revolucionou a biologia e desafiou dogmas da igreja. O roteiro, baseado na história real, foi escrito por John Collee e inspirado no livro "Annies's box", do ambientalista inglês Randal Keynes, tataraneto de Darwin.
 
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Charles Darwin (Paul Bettany) conversa com sua filha Annie (Martha West) em frente à famosa Down House, a casa de campo onde o cientista vivia com a família na Inglaterra. (Foto: Divulgação)



A história se passa em meados do século XIX na pacata – e um tanto assombrada – Down House, a casa de campo em que a família vivia na Inglaterra. Ali o cientista instalou seus laboratórios e criou dez filhos, entre eles a precoce Anne Darwin (Martha West), que ainda pequena encantava o pai com seu interesse pelas plantas e animais.
Darwin (Paul Bettany) já havia rodado o mundo a bordo do navio H.M.S. Beagle e se debruçava sobre a escrivaninha para escrever sua obra quando Anne (Martha West), aos dez anos, ficou doente e morreu.
O episódio deprime o cientista e abre uma crise entre ele e sua esposa, Emma Darwin (Jennifer Connelly). A morte da filha também abala a fé do naturalista, que se sente mais encorajado a publicar suas teorias sobre a evolução. Ao mesmo tempo, o afastamento da igreja aumenta os problemas entre Darwin e Emma, profundamente religiosa.
 
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Morte da filha mudou ideias de Darwin sobre a igreja e trouxe problemas à sua relação com a esposa, Emma (Jennifer Connelly), que era muito religiosa. (Foto: Divulgação)


Igreja x Ciência
O filme não é um arauto da razão contra a fé, mas deixa claro que a obra de Darwin abalaria para sempre algumas teorias da igreja, como a tese do Criacionismo, segundo a qual o homem e os animais teriam sido criados por Deus com sua anatomia atual, e não evoluído de formas primitivas e comuns a todos os seres vivos, como sugeriu o cientista.
O nome “Criação”, além de evocar o Criacionismo, lembra o processo de geração de “A Origem das Espécies”, e a até mesmo a criação da pequena Annie.

Viagens
Quem gosta de história da Ciência irá se entusiasmar com alguns flashes do filme de Jon Amiel. Entre as digressões que ilustram o roteiro estão trechos da viagem do H.M.S. Beagle, em especial sua passagem pela Argentina. Também aparecem no longa-metragem o biólogo Thomas Huxley e o botânico Joseph Hooker, apoiadores das teorias de Darwin.

domingo, março 14, 2010

“Um sincretismo religioso com extraordinárias características primitivas”.

 

Um texto de Gabriele Weiss *

Suponhamos que um integrante de um povo nativo, um Botocudo, visitasse a Europa e participasse de uma missa. Ele não deverá saber mais do que os viajantes europeus do último século sabiam sobre as formas religiosas dos povos nativos. Toda observação do viajante será mediada por um intérprete. Em seu relatório de viagem ele irá, ao contrário do que podemos verificar em muitos relatórios europeus, excluir toda caricatura do que ele não tenha entendido. Sua apresentação objetiva e sem preconceito poderia ser como a seguir:

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Os cristãos na Europa acreditam em um ser superior, que eles chamam de Deus. Deus criou tudo. Ele mora no céu e pode, a cada momento, atuar no mundo dos homens. As pessoas não o veneram completamente, apesar de seu poder sem limites, contudo eles têm por todos os lados imagens de seu filho e da mãe de seu filho, que aliás não é sua mulher. Os cristãos a chamam de Senhora e como meu tradutor sempre repete, “Mãe de Deus”. Embora ela seja mãe do filho de Deus, ela não é mulher de seu pai. Ela não é nem mesmo a mãe deste, pois Deus não tem pais. Ninguém sabe de onde ele vem, e os cristãos que dão tanto valor às genealogias, não se dão conta disso. A “mãe de Deus” era, aliás, uma pessoa terrestre totalmente normal e seu filho viveu em um determinado tempo e em uma terra distante da própria Europa. Neste lugar, curiosamente, não tinha nenhuma pessoa que venerava Deus e seu filho da mesma forma com que os europeus o fazem. Os cristãos europeus – assim poderia continuar o Botocudo em seu relatório – veneram não somente a Deus, a seu filho humano e a mãe deste último, mas também outras pessoas mortas, que fizeram milagres, denominadas santas. A veneração é expressa também através da coleção de ossos de santos  que são guardados em lugares específicos nas igrejas, consagradas como locais de culto. Além disso os cristãos comem, como eles sempre reafirmaram, em ocasiões específicas – alguns até mesmo a cada semana – a carne do filho de Deus e bebem o seu sangue. Em meus questionamentos me fizeram entender que Deus, como pai do filho histórico humano, é apenas uma parte de si mesmo, ou melhor, apenas um terço. O segundo terço é seu filho, o terceiro terço não é como eu imaginava a mãe, mas sim algo que meu tradutor tentou me explicar em sua língua como “espírito santo”, algo que significa ar, respiração ou vento. Nas representações estéticas os cristãos representam o “Espírito Santo” como uma pomba e o filho de Deus como um pequeno cordeiro. E toda a religião, na qual as pessoas se sentem como irmãos – como eles mesmos dizem e a gente nem sequer percebe –, é representada muitas vezes através de um peixe.

Este relatório de viagem, objetivo e completo, corresponde perfeitamente às ntigas informações fornecidas por viajantes sobre a religião dos povos naturais. Cedo ou tarde ele iria ser interpretado por um cientista da religião Botocudo. O que poderia resultar no seguinte:

A religião dos europeus é em muitos aspectos ilógica. O que podemos reconhecer, no entanto, é um monoteísmo rudimentar com características politeístas. Além disso, podemos observar inúmeras provas de uma forte mistura com os princípios de religiões primitivas, no caso, a crença no espírito santo do animismo, o culto de relíquias sagradas, formas típicas do fetichismo, os símbolos de animais como resquícios do totemismo e o rito cerimonial da santa ceia do canibalismo sagrado. Percebemos no todo um sincretismo religioso com extraordinárias características primitivas.

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* Trecho extraído de: WEISS, Gabriele. Elementarreligionem. Eine Einfürung in die Religionsethnologie. Sringer-Verlag. Wien – New York, 1987.

quarta-feira, março 10, 2010

Ciência e Religião

 

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VALLINA, Agustín Udías. Ciencia y religión: dos visiones del mundo. Maliaño(ES): Editorial Sal Terrae, 2010.

Ciência e religião são incompatíveis e opostas? A igreja persegue os cientistas? Os Papas condenaram a teoria da evolução? A maioria dos cientistas é materialista? Muitas declarações negativas sobre a relação entre ciência e religião são repetidas hoje, às vezes com virulência amarga, e alguns veem na religião um vírus maligno que se opõe ao progresso da ciência. O tema necessita de uma reflexão séria e calma, que examine essa relação entre formas de conhecimento e fenômenos sociais distintos, bem como sobre as suas conexões através da história, principalmente na trajetória cristã. Esse livro, ainda em espanhol, propõe-se a fazer tal empreitada.


A origem do universo é um tema científico quente. Por outro lado, a tradição religiosa judaico-cristã afirma que o universo foi criado por Deus. Podemos combinar as duas afirmações? O físico Stephen Hawking afirma que, se o universo se autocontém, não é necessário um criador... Para a ciência, o homem é uma espécie biológica surgida como um ramo na árvore da evolução da vida sobre a terra. A Bíblia nos diz que o homem foi criado por Deus à sua imagem. O humano, imagem de Deus e produto da evolução biológica, são ideias compatíveis?! O padre Agustín, com sua experiência de religioso, cientista e professor universitário, oferece suas reflexões sobre o apaixonante tema das relações entre ciência e religião.

Pode-se adquirir o livro aqui.

AGUSTÍN UDÍAS VALLINA, jesuita, catedrático emérito de geofísica de la Universidad Complutense de Madrid y miembro de la Academia Europea, es autor de Principles of Seismology (Cambridge University Press, 1999); Fundamentos de Geofísica (en colaboración con J. Mezcua; 2ª ed., Alianza, Madrid 1997); Historia de la Física. De Arquímedes a Einstein (Síntesis, Madrid 2004); El universo, la ciencia y Dios (PPC, Madrid 2001) y Searching the Heavens and the Earth: The History of Jesuit Observatories (Kluwer, Dordrecht 2003).

(Fonte: Blog Ciências da Religião na UNICAP)

Divulgação

 

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quinta-feira, março 04, 2010

II Congresso Ciências, Tecnologias e Humanidades

 

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Diálogo entre as disciplinas do conhecimento.

"Mirando al futuro de América Latina y el Caribe: hacia una Internacional del Conocimiento"

Data: 29 de outubro a 1 de novembro de 2010

Local: Santiago de Chile - USACH

Mesa de trabalho: deuses e ciências na América Latina

Toda pesquisa que discute a teologia e seus desafios atuais será bem-vinda à mesa de trabalho.

Resumos – até 30 de maio de 2010; enviar para – kathlenlua@yahoo.com.br e valerio@est.edu.br

Aceite do resumo: 31 de junho de 2010. A comunicação completa deverá ser enviada até 30 de agosto de 2010

Maiores informações: Site Oficial do II Congresso.

(Fonte: Ciências da Religião da UNICAP)

Fórum Inter-Religioso na UNICAP

 

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Na segunda, 8 de março, 17 às 18h30, na sala 311 do bloco B da UNICAP, o nosso Fórum Inter-Religioso será retomado, com a apresentação da Religião do Eterno, de "Meu Rei", do Vale do Catimbau.


O Parque do Catimbau, no interior de Pernambuco, esconde uma experiência religiosa em fermentação. O movimento surgiu em 1976, liderado por Cícero Farias, o "Meu Rei", que recebeu "missão divina" de fundar o novo paraíso terrestre. Criou então a Fazenda Porto Seguro, onde mais de trinta famílias vieram morar, em torno do seu "Palácio" e da "Água da Vida", da sua "Doutrina Metafísica e Teológica" - que manda "ser obediente às leis cósmicas, ser manso e brando de coração", evitar jogo e carne. A poligamia era aceita e a comunidade chegou a ter escola, jornal e até o próprio dinheiro. Mas, em 1999, com a morte de Cícero, tido como imortal, instaura-se uma crise que pode estar originando nova religião. Venha conhecer essa história...

(Fonte: Blog Ciências da Religião UNICAP)

Nota: UNICAP - Universidade Católica de Pernambuco

Chico Xavier, o Filme

 

Dias atrás postei o cartaz e o trailler do filme “Nosso Lar”, baseado em obra homônima de Chico Xavier/ André Luiz (Espírito). Hoje, eis aí os dois cartazes de “Chico Xavier, o Filme”.

Baseado na obra de Marcel Souto Maior “As vidas de Chico Xavier” (Planeta), e com direção de Daniel Filho, o filme conta a história do médium mineiro Francisco Cândido Xavier (Chico Xavier).

 

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Com mais de 400 livros psicografados, Chico Xavier é considerado o maior médium do século XX.

 

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O filme tem estreia agendada para o dia 02 de Abril de 2010, data do centenário de nascimento do biografado.

Para maiores informações, visite o site oficial.

Abraços!