Diz-se que Heráclito assim teria respondido aos estrangeiros vindos na intenção de observá-lo. Ao chegarem, viram-no aquecendo-se junto ao fogo. Ali permaneceram, de pé, (impressionados sobretudo porque) ele os encorajou a entrar, pronunciando as seguintes palavras: 'Mesmo aqui, os deuses também estão presentes'. (Aristóteles. De part. anim. , A5 645a 17ff).

quinta-feira, outubro 05, 2006

Poesia, sempre poesia...

Desculpem-me por voltar a vocês hoje. Mas, não posso deixar de partilhar a salvação que me trouxe Adélia Prado. Vejam:
CORRIDINHO
O amor quer abraçar e não pode.
A multidão em volta,
com seus olhos cediços,
põe caco de vidro no muro
para o amor desistir.
O amor usa o correio,
o correio trapaceia,
a carta não chega,
o amor fica sem saber se é ou não é.
O amor pega o cavalo,
desembarca do trem, chega na porta cansado
de tanto caminhar a pé.
Fala a palavra açucena,
pede água, bebe café,
dorme na sua presença,
chupa bala de hortelã.
Tudo manha, truque, engenho:
é descuidar, o amor te pega,
te come, te molha todo.
Mas água o amor não é.
(Adélia Prado, "O coração disparado e a língua seca").

5 comentários:

amorica valente disse...

que poema engraçado!

Anônimo disse...

Augusto! Adicionei nos meus favoritos o endereço do seu blog.
:)
Abraço!

heresias consentidas disse...

essa do coraç~ºao disparado é forte... eh eh eh

Caroline disse...

É difícil o amor conseguir um espaço atualmente, né?
Mas, quem sabe um dia ele consegue? Ele é sagaz, pode pular o muro e entregar a carta pessoalmente. =)
Até

bHAKTIN áUREA. disse...

Ai, amigo... queria te ligar... saudades....