Diz-se que Heráclito assim teria respondido aos estrangeiros vindos na intenção de observá-lo. Ao chegarem, viram-no aquecendo-se junto ao fogo. Ali permaneceram, de pé, (impressionados sobretudo porque) ele os encorajou a entrar, pronunciando as seguintes palavras: 'Mesmo aqui, os deuses também estão presentes'. (Aristóteles. De part. anim. , A5 645a 17ff).

segunda-feira, setembro 14, 2009

O estudo da obra de Allan Kardec.

 
(Allan Kardec - 1804-1869)

 

Gostaria de contar um pouco como foi que se processou essa mudança em meu objeto de estudo, e o que me levou a buscar a obra de Allan Kardec (1804-1869) como tema de meu doutorado.


Como sabem, meu mestrado em Ciência da Religião foi desenvolvido em torno da obra do filósofo alemão Martin Heidegger (1888– 1976). O que foi uma continuaçao natural do trabalho que vinha desenvolvendo durante os anos 1998-2001, os anos de minha graduação em Filosofia. Assim, quando entrei no Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião (PPCIR) da Universidade Federal de Juiz de Fora, em 2002, pensei que seria adequado permanecer na área de concentração Filosofia da Religião.

O que poucos de vocês sabem é que meu projeto inicial não era exatamente este. Minha proposta de pesquisa, escrita para o processo seletivo voltava-se para uma leitura hermenêutica do clássico indiano Bhagavad-gita a partir do conceito heideggeriano de verdade. Muito sabiamente, no entanto, fui aconselhado pela banca a reduzir meu objeto aos conceitos de verdade e de linguagem em Heidegger. De fato, foi melhor assim, uma vez que não haveria tempo hábil para um apesquisa como aquela.

Bem, o tempo passou, vim viver na Paraiba (onde sou muitíssimo feliz, diga-se), tive algumas experiências docentes, e meu interesse acadêmico foi se definindo melhor.

De fato, a Filosofia continua sendo o lugar onde me movo com mais naturalidade – minhas incursões no âmbito das Ciências Sociais ainda são incipientes. Mas, meu principal interesse no campo disciplinar da Ciência da Religião sempre foi o que tenho chamado de “textos-fonte” da experiência religiosa. O que demonstra o exemplo do projeto do mestrado.

A partir disso vocês bem podem imaginar como me interessei por Kardec e sua obra. Eu procurava delimitar um objeto para a seleção do doutorado há algum tempo, e, em 2008, resolvi reler alguns livros da obra kardeciana. Como tenho alguns amigos espíritas e como eu mesmo já visitei alguns centros espíritas (e ainda visito, vez ou outra), comecei a comparar o que lia com o discurso que ouvia dos adeptos do espiritismo. Tal comparação deu-me a sensação de que em vários pontos – e com justificadarazão histórica – estes dois discursos diferiam significativamente. Principalmente quando se tratava daquilo que se convencionou chamar de o “tríplice aspecto da doutrina espírita” – a afirmativa de que o espiritismo é a um só tempo ciência, filosofia e religião. Percebi nisto uma possibilidade interessante para a pesquisa que gostaria de realizar.

Por fim, uma breve e superficial revisão na literatura acadêmica brasileira sobre espiritismo – a maioria dela desenvolvida do ãmbito das Ciências Sociais - deu-me a sensação de que, embora o espiritismo seja relativamente bem estudado no Brasil, como um grupo expressivo do campo religioso brasileiro, o estudo da obra de Kardec carecia de uma atenção maior.

Foi assim que a coisa se deu. Atualmente estou começando a fase das releituras para os primeiros esboços de capítulos da tese.

É isso aí…

4 comentários:

Vital Cruvinel disse...

Olá, Augusto! Seus textos são muito agradáveis de ler. Continue assim! E sucesso no trabalho! Abraço, Vital.

Jorge dos Santos disse...

bacana saber de teu blog e de suas inumeras tentativas de mantê-lo.

conhece o meu?

http://amaquinadaspalavras.blogspot.com/

abração

jorge

Unknown disse...

Ei amigo, fico muito feliz com seus estudo, haja vista ser eu um de seus amigos espíritas e que sempre reclamava co você encontrar mais religião nos centros que frequentava do que filosofia e ciência, um abraço

Nevo disse...

Olá, Augusto

Gostei do que li nos seus textos! Aliás, já havia gostado das suas manifestações no Grupo de Discussões da CEPA, onde você debate, questiona, argumenta racionalmente, sempre mantendo a serenidade.
Gostaria muito que você viesse a João Pessoa numa quarta-feira qualquer para falar sobre seu trabalho, sobre Heidegger ou sobre qualquer tema que você queira. Somos poucos e teríamos muita satisfação em recebê-lo. Bastar marcar.
Abração!