Diz-se que Heráclito assim teria respondido aos estrangeiros vindos na intenção de observá-lo. Ao chegarem, viram-no aquecendo-se junto ao fogo. Ali permaneceram, de pé, (impressionados sobretudo porque) ele os encorajou a entrar, pronunciando as seguintes palavras: 'Mesmo aqui, os deuses também estão presentes'. (Aristóteles. De part. anim. , A5 645a 17ff).

domingo, julho 18, 2010

Allan Kardec: o autor da doutrina dos espíritos? *

 

 Allan_Kardec

 

Da comparação e da fusão de todas as respostas, coordenadas, classificadas, e muitas vezes retocadas no silêncio da meditação, foi que elaborei a primeira edição de O Livro dos Espíritos, entregue à publicidade em 18 de abril de 1857. (Allan Kardec) [1]

Quem quer que tenha tido em mãos um livro de história da filosofia deve ter notado que logo nos primeiros capítulos são apresentadas as doutrinas filosóficas dos chamados filósofos “pré-socráticos” ou “fisiólogos”. O que, talvez, poucos saibam é que não existe, a rigor, a doutrina filosófica de Tales de Mileto, ou de Heráclito de Éfeso, por exemplo. De fato, a maioria dos textos que dispomos desses pensadores é insuficiente para se afirmar a existência de tal doutrina. O que se tem são fragmentos (frases, pedaços de frases, às vezes, uma única palavra) citados ou parafraseados por outros autores e filósofos. Uma lista tão variada que inclui pensadores como o grego Aristóteles e o cristão e pai da Igreja Clemente de Alexandria; e tão extensa que cobre o período desde o século IV a.C. até o século VI d. C.

Assim, se tomarmos Heráclito como exemplo, é preciso que se diga que não há o livro "Sobre a natureza", a ele atribuído [2]. Nem sabemos ao certo se ele escreveu mesmo um livro; ou, em caso afirmativo, se era esse mesmo seu título. Aquilo que nos manuais de história da filosofia é apresentado como a doutrina de Heráclito é tão somente uma interpretação arbitrária dos fragmentos encontrados e catalogados [3]. No século XX, o filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976) demonstrou que, dependendo da ordem em que os fragmentos são considerados ou organizados, ou dos pressupostos filosóficos assumidos na leitura desses fragmentos, diferentes interpretações se estabelecem. E, dessa forma, as interpretações serão sempre arbitrárias, uma vez que nem a obra original nós temos para comparar e verificar a validade delas [4].

Agora, se, num exercício de analogia, olharmos de maneira isenta para o modus operandi de Allan Kardec (1804-1869) veremos que se passa algo muito semelhante ao que acontece com os historiadores da filosofia no caso acima. Kardec, ao publicar suas obras sempre insistiu que a doutrina não era sua, mas dos Espíritos. No entanto, a confiar ainda nos relatos de Kardec, como se dá esse procedimento de “codificação” da doutrina dos Espíritos? Ele tem fragmentos de ensinos que vêm de fontes diversas e tem de arbitrariamente "codificá-los", ordená-los. E o faz. Nós não podemos verificar se essa interpretação é a mais adequada porque não temos acesso às fontes kardecianas (especificamente não temos acesso ao conteúdo bruto das comunicações por ele interpretadas). Esse impedimento metodológico de verificação tem me impedido de caracterizar o espiritismo como uma ciência.

Em outras palavras: penso que afirmar a existência da "doutrina de Heráclito" nas interpretações dos fragmentos a ele atribuídos, e afirmar que existe uma doutrina dos espíritos na interpretação das comunicações recebidas por Kardec, possui o mesmo grau de incerteza. Ora, como afirma o próprio Kardec na frase citada acima: “Da comparação e da fusão de todas as respostas, coordenadas, classificadas, e muitas vezes retocadas no silêncio da meditação, foi que elaborei a primeira edição de O Livro dos Espíritos, entregue à publicidade em 18 de abril de 1857”. O original diz: "C'est de la comparaison et de la fusion de toutes ces réponses coordonnées, classées et maintes fois remaniées dans le silence de la méditation, que je formai la première édition du Livre des Esprits qui parut le 18 avril 1857" (o grifo é meu).

Aqui gostaria de fazer um breve comentário sobre a escolha do uso do verbo “retocar” para traduzir o francês “remanier”. Não que esta tradução esteja equivocada, em minha opinião ela apenas enfraquece o sentido original do termo francês. A etimologia do verbo “remanier” remete a “manier” que tem o sentido primeiro de “manipular”, tocar com as mãos. Daí que o Dictionnaire de l’Académie Française (6eme Édition, 1835), defina o verbo “remanier” como: manipular novamente, reparar, modificar, refazer. Ou, ainda, segundo o Dictionnaire Poche Larousse (2008): mudar a composição, modificar. No contexto dessa pequena observação, uma tradução mais precisa talvez fosse: "Da comparação e da fusão de todas estas respostas coordenadas, classificadas e muitas vezes reparadas (modificadas, refeitas) no silêncio da meditação, que eu formei a primeira edição do Livro dos Espíritos, o qual apareceu a 18 de abril de 1857".

Uma última analogia, talvez esclareça melhor meu posicionamento. Embora o trabalho de pesquisa que venho realizando, e que culminará na publicação de minha tese de doutoramento, se baseie todo na leitura e interpretação da obra de Allan Kardec, e neste trabalho não se encontre nada que Kardec não tenha dito e pensado, há que se concordar que se trata de meu trabalho e não de Kardec. Penso que não importa se as fontes de uma pesquisa sejam os Espíritos ou um pensador “de carne e osso”; se alguém compila, classifica, modifica, edita, interpreta suas fontes, ele é o autor.


[1] KARDEC, Allan. A minha iniciação no espiritismo. In: ______. Obras Póstumas. Rio de Janeiro: FEB, 2009. P. 353. (Trad.: Evandro Noleto Bezerra). O texto original em francês é: "C'est de la comparaison et de la fusion de toutes ces réponses coordonnées, classées et maintes fois remaniées dans le silence de la méditation, que je formai la première édition du Livre des Esprits qui parut le 18 avril 1857". (Cf.: KARDEC, Allan. Ma première initiation au espiritisme. In: ______. Oeuvres Posthumes. Union Spirite Française et Francophone. s/d. p. 128).

[2] O título Péri Physeos (em grego) é um título genérico atribuído a grande parte das supostas obras dos pensadores gregos originários.

[3] No início do século XX, o helenista alemão Hermann Alexander Diels (1848-1922) publicou a obra Os fragmentos dos pré-socráticos, na qual colecionou os fragmentos dos chamados pré-socráticos e os classificou, após tê-los retirado das obras onde se encontravam citados ou parafraseados. Posteriormente, Walther Kranz (1884-1960) acrescentou um comentário interpretativo aos fragmentos catalogados por Diels. Esta obra tornou-se, desde então, referência para todos os trabalhos críticos e interpretativos da filosofia antiga. A classificação DIELS-KRANZ, tornou-se normativa para todas as referências aos fragmentos.

[4] Ver: HEIDEGGER, Martin. Heráclito. A origem do pensamento ocidental. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1998. (Trad.: Márcia Sá Cavalcante Schuback). Para outra interpretação, ver: BERGE, Damião. O Lógos Heraclítico. Introdução ao estudo dos fragmentos. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1969.

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* Este artigo foi originalmente publicado em Opinião, Órgão do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (CCEPA). Agradeço a Néventon Vargas e a Milton Medran a especial gentileza em publicá-lo e, assim, dar a conhecer ao público espírita as reflexões de um não-espírita estudioso da obra de Allan Kardec. Desde que iniciei minhas pesquisas, tem sido inegável o auxílio – sob a forma de uma interlocução honesta e isenta de prevenções – destes dois amigos, bem como a instituição que representam, a Confederação Espírita Pan-americana (CEPA).

7 comentários:

Vital Cruvinel disse...

Belo texto, Augusto!

Logo na leitura do primeiro parágrafo eu já tinha certeza que tinha lido o texto na lista de debates da CEPA. Fiquei muito satisfeito, chegando no final do texto, ao saber que também foi aproveitado no Opinião.

Ah! Concordo com sua conclusão de que Kardec é o verdadeiro autor das ditas obras básicas.

Abraço!

Augusto Araujo disse...

Pois é, Vital, o Néventon sugeriu a publicação e pediu que eu fizesse uma versão mais ordenada do que foi publicado na lista da CEPA. Depois submeteu à avaliação do Milton Medran, que o aprovou. E eis o resultado! Sinto-me muito honrado, como pesquisador não-espírita da obra de Kardec, que meu trabalho possa ser apreciado por espíritas de primeira classe como Néventon, Medran e você.

Muito obrigado!

Leopoldo Daré disse...

Olá Augusto!
Parece-me muito interessante sua analogia aos filósofos gregos da antiguidade, inclusive para se refletir o que é Filosofia. Ou seja, se temos apenas fragmentos de pensamentos antigos, como poderemos qualificá-los como filósofos em particular, discriminando-os de pensadores em geral. Desta forma, como poderemos dimensionar os filósofos contemporâneos como legítimos herdeiros da prática filosófica dos antigos, discriminando-os dos livre pensadores em geral. E desta forma, voltamos a reflexão sobre o conceito de filosofia e sobre a definição se o Espiritismo é ou não uma Filosofia, ou se precisamos, com rigor conceitual, definir o Espiritismo, de forma genérica, como uma Doutrina.
Outro ponto de reflexão em seu texto nos leva ao conceito de autoria. Qual o limite em que posso definir que um pensamento é de minha autoria ou de uma coletividade.
Sobre o trabalho de Kardec, em si, sua manipulação de fragmentos pode nos conduzir a valorizar a atitude dependente de Kardec acima das atitudes dos demais personagens envolvidos. Ao mesmo tempo, dimensionar o papel de Kardec como autor da obra, nos remete ao seu trabalho de manipulação de ideias coletivas. E como ideias coletivas, podemos concluir que as ideias não são integralmente de ninguém, mas representativas de um momento histórico e espaço social determinado. Desta forma, a revisão da própria intenção kardequiana de encontrar a opinião universal fica redimensionado e negado. Se Kardec compartilhasse um olhar mais relativista do mundo, talvez colocaria outro título e outra definição para seu trabalho.
Parabéns pelo poder de síntese e argumentação de sempre

Augusto Araujo disse...

Oi Leo! Muito obrigado por sua apreciação e seus comentários! Sinto falta de nossas conversas sobre Kardec!

A rigor, não devemos pensar nos primeiros pensadores gregos como filósofos. De fato, tenho preferido chamá-los, como Heidegger fazia, de pensadores originários. A filosofia é um empreendimento posterior à atividade desses primeiros pensadores gregos. Da atividade de Heráclito e outros surgiu tanto a filosofia quanto a sofística, legítimas herdeiras desse gênio grego originário (que inclui os elementos mitológicos tradicionais).

Assim como a filosofia grega é herdeira dessa tradição não-filosófica, toda a filosofia é herdeira da filosofia grega antiga (Sócrates, Platão e Arsitóteles).

Quanto à possibilidade de o espiritismo ser ou não uma filosofia, é uma discussão que já tivemos, e meu posicionamento permanece o mesmo: há problemas sérios na definição de conceitos fundamentais (espírito e matéria) e de outros, o que me impedem de classificá-lo como filosofia. Mas, isso não me impede de classificá-lo como doutrina, dado o caráter fechado de seu empreendimento de dar sentido ao real.

Bem, todo esforço de conhecimento é um esforço coletivo, em última análise. Claro, há o elemento individual de concatenação de ideias, de formulação conceitual, etc. Mas, nenhuma obra se faz se perder de vista o fato de que é um diálogo com determinadas tradições e com outras "vozes", como você gosta de dizer. Sei que você fala também das múltiplas vozes dos Espíritos nas comunicações. Mas, veja, meu ponto é que ao ouvir as vozes e interpretá-las posso reivindicar a autoria desse esforço. Creio que o problema, para Kardec, em assumir a autoria da doutrina se encontra na fonte de autoridade que ele preconiza: o CUEE (Controle Universal do Ensino dos Espíritos) e a Escala Espírita. Se ele assume sem mais sua autoria, a doutrina não passa de mera opinião pessoal. Ao contrário, atribuindo a autoria da doutrina a Espíritos Superiores (de acordo com o critério da Escala) através do suposto CUEE, a autoridade da doutrina não se funda numa única pessoa.

Grande abraço!

Leopoldo Daré disse...

Esta rápida explicação que você nos apresenta da História da Filosofia, me remete a História da Ciência. Observando que a estruturação e diferenciação da Ciência em relação a Filosofia ocorre a partir de Renascença, com Galileu Galilei, Descartes, Bacon, etc. Ou seja, parece-me que poderei deduzir que nesta época, onde a Ciência se diferencia da Filosofia, também a Filosofia se diferencia da Filosofia medieval. Este processo de diferenciação e distanciamento exigiu um refinamento e especialização da metodologia. Kardec, ao busca aproximar moral, filosofia, ciência e vivência transcedental, submete-se ao desafio: simplificar duas práticas especializadas para refundí-las, ou elaborar uma nova alternativa complexa hierarquicamente superior? Com outras palavras: dar passos para trás no processo evolutivo da Filosofia e da Ciência, ou dar um passo a frente? Este seu texto reforçou-me a percepção, que iniciou-se em outros diálogos nossos: a crítica a "religião" no corpo doutrinário kardequiano estende-se, com matizes diferentes, a "filosofia" e a "ciência" institucionais do século XIX. Nestas críticas identifico como pontos de ligação a especialização e o distanciamento do cidadão comum. Para mim, remete-me a minha hipótese do modelo pedagógico de Rivail absorvendo/transcedendo/revestindo-se em modelo kardequiano de Espiritismo.

Este sua resposta possibilita-me relacionar o trabalho de Kardec a precurssores da Filosofia contemporânea. Ou seja, o comportamento "filosófico" da obra kardequiana assemelha-se, em definição exigente de um filosófo heiggeriano, aos pensadores originários (uma época em que não existia a especialização entre Ciência e Filosofia). E destaco que utilizei o termo "livre pensador", o qual também é admitido por Kardec. Um livre pensador, talvez, não se enquadre em como um filósofo ou um cientísta, pois não possui a metodologia especializada necessária. Um livre pensador parece-me um modelo utópico agradável ao educador (acho que era defendido por Pestalozzi, e é facilmente dedutível nos textos pedagógicos de Rivail).

Tenho buscado aprimorar minha argumentação em resposta ao impasse que você impõe. Para mim, Kardec ao defender a autoria dos Espíritos em seus textos, oscila entre sua preocupação com a autoridade (opinião pessoal ou opinião dos Espíritos Superiores como você destaca), mas também com a justificativa de seu método de trabalho, pois o valor dado a opinião alheia é um ponto delicado e limítrofe entre uma pesquisa de opinião coletiva, com matizes cientificas universais, e uma impressão individual, com matizes de senso comum não-universal. Ainda mais, ao assumir a autoria coletiva, Kardec justifica e resolve um problema grave de autoria junto aos médiuns e assitentes colaboradores, cujas vozes estão reencarnadas, e algumas sedentas de auto-promoção. Neste ponto também é possível vislumbrar, apesar de como hipótese mais provocativa do que fundamentada, uma visão de educador: no processo educacional baseado no diálogo e na vivência é fundamental o trabalho de grupo, onde fica muito mais explícito a contaminação das ideias, e onde é muito mais patente a dificuldade em definir em que momento começa a minha ideia e onde começa a do outro.

Augusto Araujo disse...

Em resumo podemos ter mesmo essa compreensão: a Modernidade é a época em que as instituições se especializam. Assim, a filosofia moderna se posiciona diante da filosofia medieval, tentando se diferenciar desta. O que significa: afastar-se do domínio da revelação (religiosa) e da tradição (aristotélica) rumo a uma nova problematização baseda nas questões de método. Creio, contudo, que Kardec visa não refundir ciência e filosofia - eu incluiria ainda a religião, ao menos pela temática - no espiritismo. Na verdade, o que defendo é que Kardec quer que o espiritismo ocupe um lugar "neutro" de intermediação dos três campos do saber: algo como um lugar onde esses saberes se encontrem, sem, contudo, se misturar. Neste sentido, na obra kardeciana o conceito de espiritismo seria um conceito complexo. Claro, sabemos, lugares neutros não existem, por isso a pretensão de neutralidade de Kardec assume antes o caráter de hibridismo: o conceito de espiritismo é um conceito híbrido, pois usa a linguagem da ciência, da filosofia e da religião, colocando-se, porém em uma posição alegadamente superior: nem a ciência, nem a filosofia, nem a religião podem criticar o espiritismo, pois diante dele são apreciações parciais do real.
Por outro lado, se Kardec quisesse apenas refundir os saberes em questão, ele não teria em definitivo dado um passo à frente, mas poderia tranquilamente ser classificado como um reacionário: teria dado, portanto, um passo atrás diante da inevitável fragmentação dos saberes. Creio que essa interpretação é também possível e viável, mas deixaria de fora a visão de futuro e progresso que rege a obra kardeciana.
Concordo que em tudo há uma preocupação pedagógica em Kardec. Não nego isso mesmo. Mas, de minha perspectiva de leitura da obra de Kardec, essa preocupação é um pano de fundo, não o ponto central. Embora reconheça em sua intuição uma possibilidade concreta de leitura para o pensamento kardeciano, e adoraria ver alguma coisa sua publicada nesse sentido.

Augusto Araujo disse...

Continuando: Não acho que haja um "comportamento filosófico" em Kardec semelhante ao dos pensadores originários. Ao contrário, o que vejo de semelhante é a atitude de Kardec com os historiadores da filosofia que tentam ver nos fragmentos dos pensadores originários elementos de uma doutrina que, possivelmente, não estava lá. Esses historiadores, na verdade, apenas projetam em alguns fragmentos de texto suas expectativas de sentido e os organizam num todo que dá a aparência de uma doutrina. Tanto quanto nesses ensaios de leitura dos fragmentos, quanto na doutrina kardeciana, o que aparece, na verdade é a intenção dos intérpretes mais que a intenção dos autores originários. Minha analogia se esgota neste ponto.
Fico lisonjeado, mas o impasse não é meu... hehehe... é de Kardec! Brincadeira. O problema, para mim, é que em nenhum momento vejo Kardec assumindo essa "pluralidade" e a preservação das diversas vozes como uma estratégia metodológica. Ao contrário, o que ele sempre declara é que a doutrina é fruto de uma "concordância" universal, o que, teoricamente, deveria impedir que houvesse contradições flagrantes como as que existem no conceito de "espírito", por exemplo. A força da autoridade do ensino dos espíritos estaria justamente nessa concordância universal, não é?!
Compreendo e concordo com a situação de Kardec frente aos médiuns. Mas, francamente, acho que tal questão é uma questão "menor" diante do problema da universalidade e da autoridade da doutrina. E, creio, poderia ser solucionada simplesmente com oferecer os devidos créditos aos médiuns, como aliás, Kardec faz várias vezes em comunicações publicadas na Revista Espírita.
Como disse antes, acho que a hipótese do veio educador de Kardec é uma hipótese válida. E acho que você deveria procurar fundamentá-la - já que a identifica como uma hipótese mais provocativa que fundamentada. Acho que poderia sair um trabalho bem interessante desta sua leitura. Quem sabe uma pós-graduação (mestrado ou doutorado)? Abração.