Com pegada espírita, ''Contestado - Restos Mortais'' reconta conflito armado que aconteceu entre Paraná e Santa Catarina no começo do século 20.
NEUSA BARBOSA
Especial para o UOL, do Cineweb, de Gramado
O concorrente brasileiro da noite de terça (10), o documentário “Contestado - Restos mortais”, de Sylvio Back, não foi econômico nem nas palavras, nem na duração – estendeu-se por 155 minutos, alinhando diversas entrevistas de historiadores e especialistas, além da intervenção de cerca de 30 médiuns, todos abordando, cada qual a seu modo, o famoso conflito do Contestado. Uma guerra que ocorreu entre 1912 e 1916, na fronteira entre o Paraná e Santa Catarina, e que, apesar da importância e do grande número de mortos (fala-se em 20.000), permanece de certo modo invisível na historiografia oficial - em que o conflito de Canudos (1896-1897) costuma ter muito maior espaço.
Back, que já havia abordado ficcionalmente o Contestado há 40 anos, em “ A Guerra dos Pelados” (1970), defendeu a volta ao assunto, afirmando, no debate desta manhã de quarta, que “apesar de tantas teses de doutorado a respeito, o Contestado está sumindo. Muita gente, inclusive moradores da região onde tudo aconteceu, nunca ouviu falar, nem mesmo os médiuns locais”.
Respondendo a perguntas sobre este que é o ponto mais polêmico de seu filme – a participação dos médiuns incorporando supostamente as vítimas do conflito -, o cineasta declarou: “Eu queria trazer à tona parte do imaginário do Contestado e tentei levar o transe mediúnico para dentro do filme”. Garantindo que “não é espírita”, Back afirma que “não encenou nada daquilo” e que “o contraditório de tudo isto também está no filme”.
Referindo-se ao que descreveu como “boom de filmes que mexem com o espiritismo” – um tema que entrou neste festival no domingo, com o documentário “O último romance de Balzac”, de Geraldo Sarno -, o diretor lembrou também que “teve a primazia” de entrar no assunto há 26 anos atrás. Isto aconteceu no curta documental “O autorretrato de Miguel Bakum” (1984), sobre o pintor paranaense que se suicidou em 1963 e para o qual o cineasta consultou uma médium de Curitiba, que teria incorporado o artista.
Outra experiência mística, segundo ele, teria ocorrido acidentalmente no set de “ A Guerra dos Pelados”, quando a atriz Dorothée Marie Bouvier, com dificuldades para encenar um transe mediúnico, teria dado a mão a um espírita da equipe de filmagem e realmente incorporado o monge José Maria, um dos líderes messiânicos do Contestado.
(O artigo pode ser lido na íntegra, com comentários a outros momentos do Festival, em: UOL Cinema)
1 comentários:
Meu bem... saudades...
É muita coisa para ler... mas prometo vis aqui nas madrugadas e ler tudinho.
Por hoje deixo meu beijo... smack!
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